17.11.08

SEN-SA-CIO-NAL!

Faca é faca porque é faca. Livro porque é livro. Flor porque é flor. E assim vai. É assim porque alguém um dia resolveu chamá-los desse jeito.
Substantivo é substantivo porque dá nome às coisas. E adjetivo é adjetivo porque atribui características às coisas.

No fim de semana passado estive em um espetáculo de dança que de verdade foi um espetáculo. Daqueles que no final ninguém se cansa de aplaudir de pé por muito tempo. Que te dá vontade de chorar de tão sensacional. Eu confesso que segurei o nó na garganta porque achei que sería ridículo eu ser a única a chorar. Talvez muitos dissessem que não tinha motivo nenhum. Mas que felicidade quando vejo o cara do meu lado aos prantos. E de verdade, todos com a emoção estampada na cara!

Já tinha sentido algo parecido quando vi pela primeira vez o Cirque du Soleil. Saí de lá com a sensação de ter visto a coisa mais espetacular que pudesse ser criada pelo ser humano: as cores, a naturalidade da sincronia, a música, tudo. Mas dessa vez foi diferente.

Estou falando de Sutra, um espetáculo da Sandler´s Wells (companía de dança británica) que tem a coreografia de um polonês que conseguiu combinar dança com “o poder da meditação, a energia das emoções, as artes marciais e o budismo”. Esse cara idealizou e ensaiou o espetáculo com seus companheiros de cena no seu lugar de origem: o Templo de Shaolin, na China, lar dos monjes budistas desde 495 a.C.

O resultado foi sensacional. Música ao vivo de fundo, sugerindo sons da natureza; movimentos e sincronia perfeitos, com a coreografia utilizando uma caixa de madeira o tempo todo. A caixa que é feia sozinha, mas que no conjunto chegou até a formar uma flor de Lótus.

Estou longe de estar entre os críticos de arte de prestígio, mas minha humilde opinião é que assisti uma verdadeira obra de arte. Formada por pessoas que não se comunicam através da linguagem verbal, mas através da música e da dança, o que faz desse espetáculo universal. Também é a prova de que uma pessoa pode ser muito boa no que faz, mas seguramente ela terá resultados muito melhores se souber interagir com uma equipe, que é quando se vê a magnitude da capacidade humana.

Minha conclusão é que “show” e “espetáculo” são substantivos que deveríam ser adjetivos e, como tal, atribuiría a característica “sensacional” à uma apresentação. Exemplificando, o show de um cantor sertanejo não é um show, sorry. É uma apresentação e só devería ser chamada de show se fosse sensacional. Mas como tudo nessa vida é relativo, sensacional é sensacional quando é unânime.

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